quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Haja paciêncinha!

Acabei de ver na RTP2... é incrivel que, depois de se comentar tanta vez, como estou aqui agora a fazer, o ridículo da troca de insultos pessoais em detrimento do avanço da ordem de trabalhos e da tentativa de conjugar esforços no sentido de melhorar, os nossos políticos continuem a fazê-lo!
É simplesmente ridículo, angustiante, desmotivante!

sábado, 10 de outubro de 2009

sábado, 12 de setembro de 2009

Actua!

Passado um ano e poucos dias desde que comecei este blog (um pouco paradito por algumas boas causas) e a minha "nova vida" (nada paradita, também por algumas boas causas), escrevo para registar, em sítio mais ou menos perene, que estou viva! E até há dias em que me recomendo:)

De momento em Barcelona a realizar um sonho, a verdade é que me sinto mais consciente: de mim, dos outros, do mundo! E também mais tranquila - nos dias em que não estou em azáfama a pensar e a tratar do futuro, quando devia estar simplesmente a disfrutar!

Mas não me estendo mais. Deixo-vos um pequeno filme - “Closed Zone” - de Yoni Goodman, o director de animação de "Valsa com Bashir", criado para a ONG israelita Gisha que trabalha para proteger a liberdade de 1,4 milhões de moradores da Faixa de Gaza.

Sobre o bloqueio na Faixa de Gaza durante 18 meses, Gisha escreve:

"Gisha's position is that the closure is illegal because it punishes civilians in the Gaza Strip for acts they did not commit and for political circumstances beyond their control. The closure inflicts harm to the civilian population and civilian institutions by blocking the passage of goods necessary for health, well-being, and economic life.(...) We chose the medium of animation to try to get viewers to recognize the humanity of the residents of Gaza. It is increasingly difficult to remind people that residents of the Gaza Strip are human beings who wish to raise children, to earn a living, to realize their dreams, both small and large."

Enquanto Goodman sublinha:

"The war made this project a mission for me. The character is a kid, he is kind of a kid and kind of an adult, a bit Arab and a bit Jewish, something that everyone can connect to. It is important not to turn this into a stereotypical film."

Um filme que nos faz pensar! E cada vez mais acredito que temos de deixar de vegetar para passar a ser actores activos no mundo que nos rodeia, nem que seja no pequeno bairro em que vivemos.

Espero que gostem!


terça-feira, 14 de julho de 2009

Crônica de Amor

Bom... depois do sucesso do meu último post, tinha pensado em dedicar-me à comédia (já que a minha vida é um suceder de acontecimentos comico-dramáticos). No entanto, ao arrumar a desarrumação da minha "caixa de entrada" encontrei um presente do meu caríssimo tio S, de 2005, que agora quero partilhar. Disfrutem...


"Ninguém ama outra pessoa pelas qualidades que ela tem, caso contrário, os honestos, simpáticos e não-fumantes teriam uma fila de pretendentes batendo à porta.

O amor não é chegado a fazer contas, não obedece a razão.

O verdadeiro amor acontece por empatia, por magnetismo, por conjunção estelar.

Ninguém ama uma pessoa por que ela é educada, veste-se bem ou curte Caetano.

Isso são referenciais.

Ama-se pelo cheiro, pelo mistério, pela paz que outro lhe dá, ou pelo tormento que provoca.

Ama-se pelo tom de voz, pela maneira que os olhos piscam, pela fragilidade que se revela quando menos se espera.

Você ama aquela petulante. Você escreveu dúzias de cartas que ela não respondeu, você deu flores que ela deixou secar...

Você gosta de samba e ela de rock, você gosta de praia e ela tem alergia a sol, você abomina o Natal e o que ela detesta é o Reveillon. Nem no ódio vocês combinam.

Então?

Então, que ela tem um jeito de sorrir que o deixa imobilizado, o beijo dela é mais viciante do que LSD. Você adora brigar com ela e ela adora implicar com você.

Isso tem nome...

Você ama aquele cafajeste. Ele diz que vai e não liga, ele veste o primeiro trapo que encontra no armário. Ele não emplaca uma semana nos empregos, está sempre duro e é meio galinha. Ele não tem a menor vocação para príncipe encantado e ainda assim você não consegue despachá-lo.

Quando a mão dele toca na sua nuca (ah... a química!) você derrete feito manteiga. Ele toca gaita, adora animais e escreve poemas. Por que você ama esse cara?

Não pergunte pra mim.

Você é inteligente, lê livros, revistas, jornais; gosta dos filmes dos irmãos Coen e do Robert Altman, mas sabe que uma boa comédia romântica tem seu valor; é bonita, seu cabelo nasceu para ser sacudido num comercial de xampu e seu corpo tem todas as curvas no lugar.

Independente, emprego fixo, bom saldo no banco. Gosta de viajar, de música, tem loucura por computador e o seu fettucine ao pesto é imbatível.

Você tem bom humor, não pega no pé de ninguém e adora sexo...

Com um currículo desse, criatura, porque está sem um amor?...

Ah, o amor, essa raposa. Quem dera o amor não fosse um sentimento, mas uma equação matemática: eu linda + você inteligente = dois apaixonados.

Não funciona assim.

Amar não requer conhecimento prévio nem consulta ao SPC.

Ama-se justamente pelo que o Amor tem de indefinível.

Honestos existem aos montes, generosos tem às pencas, bons motoristas e bons pais de família tá assim ó!

Mas ninguém consegue ser do jeito que o amor da sua vida é...

Pense nisso. Ou melhor, não pense e vá em frente..."

Arnaldo Jabor

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Para rir

"Carlos Barreira da Costa, médico Otorrinolaringologista da mui nobre e Invicta cidade do Porto, decidiu compilar no seu livro "A Medicina na Voz do Povo", com o inestimável contributo de muitos colegas de profissão, trinta anos de histórias, crenças e dizeres ouvidos durante o exercício desta peculiar forma de apostolado que é a prática da medicina."

Deixo-vos um pequeno excerto encantador. De rir até às lágrimas.

O diálogo com um paciente com patologia da boca, olhos, ouvidos, nariz e garganta é sempre um desafio para o clínico:
"A minha expectoração é limpa, assim branquinha, parece com sua licença espermatozóides".
"Quando me assoo dou um traque pelo ouvido, e enquanto não puxar pelo corpo, suar, ou o ca*****, o nariz não se destapa".
"Não sei se isto que tenho no ouvido é cera ou caruncho".
"Isto deu-me de ter metido a cabeça no frigorífico. Um mês depois fui ao Hospital e disseram-me que tinha bolhas de ar no ouvido".
"Ouço mal, vejo mal, tenho a mente descaída".
"Fui ao Ftalmologista, meteu-me uns parafusinhos nos olhos a ver se as lágrimas saíam".
"Tenho a língua cheia de Áfricas".
"Gostava que as papilas gustativas se manifestassem a meu favor".
"O dente arrecolhia pus e na altura em que arrecolhia às imidulas infeccionava-as".
"A garganta traqueia-me, dá-me aqueles estalinhos e depois fica melhor".

Os aparelhos genital e urinário são objecto de queixas sui generis:
"Venho aqui mostrar a parreca".
"A minha pardalona está a mudar de cor".
"Às vezes prega-se-me umas comichões nas barbatanas".
"Tenho esta comichão na perseguida porque o meu marido tem uma infecção na ponta da natureza".
"Fazem aqui o Papa Micau (Papanicolau)?"
"Quantos filhos teve?" - pergunta o médico. "Para a retrete foram quatro, senhor doutor, e à pia baptismal levei três".
"Apareceu-me uma ferida, não sei se de infecção se de uma f*** mal dada".
"Tenho de ser operado ao stick. Já fui operado aos estículos".
"Quando estou de p** feito... a p*** verga".
"O Médico mandou-me lavar a montadeira logo de manhã".

O português bebe e fuma muito e desculpa-se com frequência:
"Tomo um vinho que não me assobe à cabeça".
"Eu abuso um pouco da água do Luso".
"Não era ébrio nato mas abusava um pouco do álcool"
"Fujo dos antibióticos por causa do estômago. Prefiro remédios caseiros, a aguardente queimada faz-me muito bem".
"Eu sou um fumador invertebrado".

domingo, 12 de julho de 2009

Adeus

Um poema que sempre me angustiou - o único que sei de cor...

"Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mãos à força de as apertarmos,


Um dos meus lugares preferidos em Barcelona,
para quem gosta de janelas...


gastámos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis.

Meto as mãos nas algibeiras e não encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro;
era como se todas as coisas fossem minhas:
quanto mais te dava mais tinha para te dar.
Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes.
E eu acreditava.

Acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.

Mas isso era no tempo dos segredos,
era no tempo em que o teu corpo era um aquário,
era no tempo em que os meus olhos
eram realmente peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.

Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor,
já não se passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.

Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.

Adeus."

Um poema de Eugénio de Andrade

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Sobre a amizade















By Oscar Wilde

I choose my friends not by their skin or other archetype, but by the pupil.
They have to have questioning shine and unsettled tone.
I'm not interested in the good spirits or the ones with bad habits.
I'll stick with the ones that are made of me being crazy and blessed.
From them, I don't want an answer, I want to be reviewed.
I want them to bring me doubts and fears and to tolerate the worst of me.
But that only being crazy.
I want saints, so they dount doubt differences and ask for forgiveness for injustices.
I choose my friends for their clean face and their soul exposed.
I don't just want a man or a skirt, I also want his greatest happiness.
A friend that doesn't laugh together doesn't know how to cry together.
All my friends are like that, half foolish, half serious.
I don't want forseen laughter or cries full of pity.
I want serious friends, those that make reality their fountain of knowledge, but that fight to keep fantasy alive.
I don't want adult or boring friends.
I want half kids and half elderly.
Kids, so they don't forget the value of the wind blowing on their faces and elderly people so they're never in a hurry.
I have friends to know who I am.
Then seeing them as clowns and serious, crazy and saints, young and old, I will never forget that 'normalcy' is a steril and imbecil illusion.


Amigos
Vinicius de Moraes (1913-1980)

Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos. Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade que tenho deles.

A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor, eis que permite que o objeto dela se divida em outros afetos, enquanto o amor tem intrínseco o ciúme, que não admite a rivalidade.

E eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos! Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos e o quanto minha vida depende de suas existências…

A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem. Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida.

Mas, porque não os procuro com assiduidade, não posso lhes dizer o quanto gosto deles. Eles não iriam acreditar. Muitos deles estão lendo esta crônica e não sabem que estão incluídos na sagrada relação de meus amigos.

Mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro, embora não declare e não os procure. E às vezes, quando os procuro, noto que eles não tem noção de como me são necessários, de como são indispensáveis ao meu equilíbrio vital, porque eles fazem parte do mundo que eu, tremulamente, construí e se tornaram alicerces do meu encanto pela vida.

Se um deles morrer, eu ficarei torto para um lado. Se todos eles morrerem, eu desabo!

Por isso é que, sem que eles saibam, eu rezo pela vida deles. E me envergonho, porque essa minha prece é, em síntese, dirigida ao meu bem estar. Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo.

Por vezes, mergulho em pensamentos sobre alguns deles. Quando viajo e fico diante de lugares maravilhosos, cai-me alguma lágrima por não estarem junto de mim, compartilhando daquele prazer…

Se alguma coisa me consome e me envelhece é que a roda furiosa da vida não me permite ter sempre ao meu lado, morando comigo, andando comigo, falando comigo, vivendo comigo, todos os meus amigos, e, principalmente os que só desconfiam ou talvez nunca vão saber que são meus amigos!

A gente não faz amigos, reconhece-os.